segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Expo Doisneau: Les Halles

3h da manhã : é a hora que Doisneau acordava para ir ao mercado Les Halles para registrar um sorriso malicioso de um feirante curioso, o lugar cuidadosamente arrumado do vendedor de flores ou até o açougueiro barulhento. O resultado desse trabalho está na Expo Paris Les Halles, realizado pelo fotógrafo Robert Doisneau a partir dos anos 30 em pleno coração de Paris.

A prefeitura de Paris organiza essa mostra aproveitando a grande revitalização do bairro Les Halles, que se degradou ao longo de 40 anos. Robert Doisneau e Les Halles têm uma história em comum. Construídos em 1866 os pavilhões do arquiteto francês Victor Baltard acolheram o mercado Les Halles de Paris e sua intensa atividade de trocas e comércio. No meio do século XX, cinco mil pessoas já trabalhavam no mercado.  “Les filles au diable” ao pé da Igreja de Saint-Eustache foi a primeira foto de Robert Doisneau no quartier em 1933. Foi amor à primeira vista e ele foi fiel ao bairro durante 40 anos e pode registrar e perceber as evoluções negativas sobre o lugar. O fotógrafo já fazia parte daquele ambiente que era tão acolhedor e simpático. As pessoas vinham até ele porque as suas fotos tinham uma ternura vinda do olhar do fotógrafo apaixonado pelo que fazia e traduziam a alegria de uma época.

Durante os anos 60, o Les Halles começaram a ser ameaçados pela inadaptação à vida moderna: um espaço muito limitado em relação à demanda de uma capital em expansão, insalubridade entre outros motivos. Robert Doisneau revoltado e inquieto com o futuro de Les Halles começou a ir com mais freqüência ao local para tudo ver, tudo viver e tudo fotografar. Além das pessoas e o seu dia-a-dia, fotografava e vivia intensamente esse ambiente. A luz não era boa, a movimentação de carga e descarga, caminhões e carregadores eram intensas, mas tudo tinha que ser registrado à exaustão porque logo iria desaparecer.

O olhar do fotógrafo, estético e sociológico, se tornou um relato histórico. Ele registrou tudo, os pavilhões Baltard e a sua magnífica arquitetura metálica, logo depois, todas as fases da sua destruição em 1971. Essas imagens se tornaram testemunhas preciosas de um pedaço da história da vida parisiense e de um patrimônio que desapareceu.  
A exposição está no Hotel de Ville até dia 28 de abril de 2012 e a entrada é gratuita.  

Hôtel de Ville. 29, rue de Rivoli 75004 Paris
Horário: 10 às 19h









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